Tempo de solidariedade

solidariedadeAinda ecoa entre a humanidade o episódio de um sábado. Não me arrisco a chamá-lo de um sábado qualquer, porque foi um sábado especial. Pelo menos para o homem que, em algumas versões da Bíblia Sagrada, é denominado simplesmente de o homem da mão ressequida ou seca, ou ainda mirrada. A história não deixou menções do nome desse indivíduo e tampouco detalhes de sua doença, mas ali é dito que ele foi curado, dentro da sinagoga, por Jesus Cristo. Sua mão direita voltou ao normal. Gosto da narrativa do evangelista Marcos, que a faz no capítulo 3, a partir do primeiro versículo, embora a mesma esteja presente, também, nos escritos de Mateus e Lucas.

Há dois pontos que me chamam a atenção neste relato de milagre praticado por Jesus Cristo. O primeiro ponto é que Jesus se importa com as pessoas, especialmente com o sofrimento humano. Ele demonstrava empatia verdadeira pelas pessoas que o rodeavam não importava qual fosse a condição delas. Atendia de maneira amorosa e misericordiosa tanto centuriões e líderes da sinagoga judaica, quanto pobres, desvalidos e marginalizados pela sociedade da época. Não sabemos profundamente qual era a situação deste homem da mão ressequida, mas podemos deduzir, a partir da história, que era um cidadão visto com inferioridade por muitos. Ter uma deficiência nos tempos de Jesus, como infelizmente hoje ainda é em muitas situações, significava ter menos acessos, menos oportunidades e menos apreciação por parte dos que se consideram “perfeitos”.

Jesus contraria a tradição humana e cura o homem. Não era do agrado da liderança religiosa vigente que uma pessoa nesta situação recebesse qualquer atenção. Estava proscrita e renegada ao segundo plano. Jesus tinha e tem a capacidade de dar a devida importância que as pessoas têm aos olhos divinos.

O segundo ponto que consigo perceber neste relato é que Jesus realizou o milagre em um sábado. O dia que Deus reservou, conforme os mandamentos divinos relembrados no Monte Sinai, para descanso e adoração especial ao Criador. Para os fariseus, grupo de judeus tradicionalistas apegados mais a regras próprias do que aos ensinos presentes no Antigo Testamento (a Bíblia da época), era absurda essa cura. Representava uma afronta ao modo de pensar deles. A sua autoridade. Mas Jesus expressou respeito pelos mandamentos divinos e esclareceu que o sábado é um dia de solidariedade. Não é um dia em que as pessoas se enclausuram e fogem do mundo exterior. Pelo contrário, é um dia de esperança física, mental e emocional também.

Há gente que sofre calada em casa, nos hospitais, nos asilos, nos orfanatos, nas ruas, nos cantos das lojas e até das igrejas. Jesus continua me ensinando e nos ensinando que o sábado é tempo de solidariedade, de amor prático a quem precisa, a quem clama ou silencia com dores. Solidariedade é uma das palavras-chave do sábado, um dia muito especial para quem ajuda e para quem é ajudado.

Felipe Lemos

Jornalista e especialista em Marketing Estratégico. Trabalha como assessor de comunicação.